O que o vento levou

Carolaine Gimenez de Pádua
Uma vez estava eu, uma menina com os olhos tristes, não tinha pretensão não tinha sonhos, pois os tempos bruscos tinham levado, assim como levaram também meus sorrisos. Andando ao entardecer distraída e pronta para fazer a única coisa que me fazia sentir que eu tinha um caminho, deparei-me com uma senhora. Ela estava andando por um jardim, vestida com um belo vestido branco, seu sorriso era doce, seus olhos carregavam um ar inocente, seus passos eram tão tranquilos que pareciam pétalas caindo sobre o chão. Vendo aquela cena tão linda, percebi o quanto a minha vida era tão deprimente. Parei, olhei para ela e perguntei:
- Como a senhora pode estar tão serena? Estamos no inverno, e o tempo levou os seus anos de juventude, como pode estar tão feliz ?
Ela olhou-me nos olhos e, mesmo minhas palavras sendo um pouco rudes, ela sorriu docemente e disse-me:
- Minha jovem, a vida não é fácil isso é o peso que carregamos pelos pecados do passado antes mesmo desse mundo ser criado. Mas, diga-me do que me vale andar sempre triste pensando nos anos que perdi sendo que posso apenas respirar e aproveitar o que a vida ainda tem de bom?
Eu olhei-a e sem entender suas palavras respondi:
- E o que a vida tem de bom? Todos os dias deparo-me com essa pergunta talvez a senhora possa responder-me.
Ela olhou-me mais uma vez, seus olhos eram extremamente tranquilos, o que me intrigou ainda mais.
- Mocinha, eu já vivi, eu já fui menina, já fui moça, já fui
senhorita já fui senhora e agora sou velha. Ao longo de minha vida tive muitos
problemas, muitas lutas, muitas batalhas. Eu já fui como você não via
felicidade em nada, mas um dia apareceu alguém, alguém que me ensinou que a
vida é muito mais que os problemas, hoje ando por essa estrada pois foi aqui
que o enterrei...
Ao ouvir aquelas palavras me senti extremamente boba...