Amor constante mais além da morte, Francisco Quevedo

18-05-2023

de Fabiano Gimenez Junior

Proposta de tradução de um soneto de Francisco Quevedo (1580-1645), grande poeta Espanhol, nascido em Madrid.  Soneto"Amor constante, mas allá de la muerte".

Texto Original:

Cerrar podrá mis ojos la postrera 

sombra que me llevare el blanco día,

 y podrá desatar esta alma mía

 hora a su afán ansioso lisonjera;


 mas no, de esotra parte, en la ribera,

 dejará la memoria, en donde ardía:

 nadar sabe mi llama la agua fría,

 y perder el respeto a ley severa.


 Alma a quien todo un dios prisión ha sido,

 venas que humor a tanto fuego han dado,

 medulas que han gloriosamente ardido,


 su cuerpo dejará, no su cuidado;

 serán ceniza, mas tendrá sentido;

 polvo serán, mas polvo enamorado. 
 

Tradução

Cerrar poderá os meus olhos o derradeiro

sombrio que levará o branco dia,

e poderá desatar esta alma mia

hora ao seu afã ansioso e lisonjeiro:


mas  não,  destroutra parte, na ribeira,

deixará a memória, onde ardia;

nadar sabe minha chama à água fria

e perder o respeito à lei severa.


Alma que, a todo um deus, prisão tem sido;

veias que humor a tanto fogo têm dado,

medulas que gloriosamente têm comido,


seu corpo deixarão, não seu cuidado;

serão cinza, mas terá sentido;

pó serão, mas pó enamorado.

Referências:

Quevedo, Francisco de: Obra poética, tomo I, ed. de José Manuel Blecua Teijeiro. Madrid, Castalia, 1969-1971, pág. 657.

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