A Proeminência babilônica na Produção da Literatura Rabínica

Aquilo que conhecemos por literatura Rabínica (produção literária confeccionada pelos discípulos dos sábios fariseus, que se estendera de, aproximadamente, 70 d.E.C até 1099 d.E.C) procede quase exclusivamente de dois grandes centros da vida judaica dessas épocas: Babilônia e Palestina.

Entretanto, esta produção literária fora mais intensa na Babilônia, dado que a Palestina passara por muitas crises políticas, económicas e religiosas nesse período, nomeadamente: a destruição do templo no ano 70 d.E.C, revoltas contra a autoridade romana entre os anos 115-117, a revolta de Bar Kokhba entre 132-135, crise política e econômica no império romano no século III, e etc. Além disso, a instabilidade gerara diversas mudanças geográficas nos centros de estudos da Palestina, tendo sido originalmente em Jamnia, depois na Galiléia, Usa, Beit Searim, Seforis, até que, finalmente, no século III alcançou a sua estabilidade, fixando-se em Tiberíades.

Babilônia, ao contrário, passara por um período de maior estabilidade e era desde 586-538 a.E.C uma comunidade significativa, que aumentara ainda mais com os acontecimentos do ano 70 na Palestina e, sobretudo, com a revolta de Bar Kokhba. Este período de estabilidade perdurou até o declive do Califado, sucumbindo de vez as Cruzadas, cedendo espaço às comunidades judaicas do Magreb e Espanha para serem os novos centros da vida judaica.

Sendo assim, devido a estes fatores históricos, é possível compreendermos o porquê da produção literária Rabínica ter ocorrido de maneira mais intensa na Babilônia, e até mesmo, o motivo para que os seus escritos hoje tenham "mais prestígio" do que os produzidos na Palestina da mesma época.