A Crítica Racial de Lima Barreto
por Fabiano Gimenez Junior

Já há meses venho me debruçado sobre a obra de Lima Barreto, autor que vem sido politicamente citada pelos movimentos sociais da negritude, e esquecida pelos movimentos literários mais conservadores.
Comecei por ler e analisar calmamente seus três principais romances, seguidos por seus mais célebres contos, sempre minando ensaios, resenhas e críticas que me pudessem ampliar a minha visão e leitura da obra, enriquecendo-a.
Li a incrível biografia feita por Francisco Barbosa, as críticas de Carpeaux, os ensaios de Alfredo Bosi, a análise de Olavo de Carvalho, acumulando-as, sorvendo-as, meditando-lhes os conteúdos.
Porém, percebo que, quando me deparo com as críticas limabarretianas das últimas duas décadas, tudo o que se produz nas nossas universidades é reduzir a obra a simples manifesto afro-brasileiro. Perdendo as profundidades dos seus escritos , resumindo-os a simples relatos sociais de um jovem negro num Brasil pós-abolicionistas, à moda uspiana do sociólogo Florestan Fernandes.
Perdem de vista o principal da obra: a luta dos homens de letras bons, genuínos e honestos contra o meio vigarista, hipócrita e opressivamente burro da primeira república. As desilusões das grandes figuras ante a fatídica realidade dos primeiros anos do nosso novíssimo, mas já tão velho, regime político.
Ipuiúna, MG.